O político italiano Giulio Andreotti, que foi sete vezes primeiro-ministro e 20 vezes ministro, morreu nesta segunda-feira (6) em Roma, na Itália, aos 94 anos.
Conhecido como "Belzebu", ele era considerado o símbolo do poder democrata-cristão e representava o melhor e o pior da Itália, por seu discurso culto e às vezes divertido, seu cinismo e habilidade de raposa velha da política.
Andreotti morreu às 10h (7h, no horário de Brasília) em sua residência, no centro de Roma, confirmou a família.
Nascido em Roma em 14 de janeiro de 1919, Andreotti, senador vitalício, recebeu muitos elogios e homenagens há quatro anos, quando completou 90 anos.
Andreotti, que escapou de todos os escândalos aos quais foi relacionado durante mais de 60 anos na política, desde os contratos no setor do petróleo dos anos 60, passando pelo sequestro e morte de Aldo Moro em 1978 e até a acusação de cumplicidade com a Cosa Nostra nos anos 90, foi um dos líderes mais influentes da Democracia Cristã.
"Um grande estadista. Do Vaticano. O secretário permanente da Santa Sé", o definiu uma vez o ex-presidente da República Francesco Cossiga, rival e correligionário.
Com problemas de saúde, não participou nas votações do mês passado no Parlamento para a eleição do presidente da República, cargo que nunca conseguiu alcançar. Em agosto de 2012, Andreotti chegou à ser hospitalizado devido a uma arritmia cardíaca.
O presidente italiano, Giorgio Napolitano, expressou suas condolências pelo falecimento do sete vezes primeiro-ministro Giulio Andreotti, que, segundo ele, "desempenhou um papel relevante nas instituições e representou a Itália nas relações internacionais e na construção europeia".
"Sobre a longa experiência de vida do senador Giulio Andreotti e sobre o trabalho realizado em muitas formas e no mais amplo âmbito da atividade política, parlamentar e de Governo, só cabe formular avaliações em forma de julgamento histórico", afirmou Napolitano em mensagem aos familiares do ex-primeiro-ministro da Itália.
Napolitano também lembrou "a colaboração institucional e pessoal' mantida com Andreotti ao longo de 'vários períodos da vida nacional".
Andreotti, ex-líder da Democracia Cristã (DC), morreu pouco antes das 12h30 locais (7h30 de Brasília) de hoje, em sua casa em Roma, onde permanecia aposentado da vida pública, já que não foi ao Parlamento, na condição de senador vitalício, nem para votar na eleição do presidente da República nem na posse do novo governo.
Segundo comunicaram fontes ligadas à família, o funeral de Andreotti acontecerá amanhã, mas não terá honras de Estado, por expresso desejo do político, que antes de morrer pediu apenas uma missa em sua paróquia com a presença de seus parentes mais próximos.